MINHA EQUIPE DE CURADORES - Ortaet´s (mas o que é CURADORIA????)
Na condição de mediador cultural, o curador assume uma função social. Meu objetivo aqui é justamente tecer algumas considerações, dentro da área específica da fotografia, sobre o trabalho do curador como prática social. Nesse sentido, apresento um conjunto de observações que buscam em primeiro lugar apresentar o significado da curadoria em fotografia e na sequência delimitar o espaço social de uma atividade que vem se consolidando no âmbito da produção fotográfica.
É curadoria estabelecer um recorte na obra de um artista, tanto quanto imaginar um evento do porte do Mês da Fotografia de São Paulo ou o FotoRio, elaborar sua estrutura, identidade visual, estratégia de divulgação na mídia, articulação com os demais setores produtores de cultura no país e com o movimento fotográfico internacional. É também curadoria escolher os autores com suas respectivas obras e distribuí-los pelos diversos espaços de exposição, determinando que obras serão expostas e de que maneira.
Portanto, quer em um grande evento quanto no trabalho de programar um único centro cultural ou administrar uma carteira de artistas, cabe ao curador sempre fazer uma ponte entre o público e a obra, viabilizando a circulação desta. O curador é, então, sobretudo, um tradutor para o mercado como um todo e para o público em geral do sentido maior de uma determinada produção artística. Preserva-se, pela presença desse mediador, a autonomia do fotógrafo face às demandas do mercado, bem como fica garantida a presença da produção fotográfica histórica e contemporânea nos espaços culturais de visitação pública. Além disso, nós, fotógrafos, sabemos que o nosso olho é mais penetrante que o nosso raciocínio, e o talento do nosso olhar, muitas vezes, é bem maior do que a nossa capacidade empresarial e comercial.
Nesse sentido, uma das mais importantes atribuições do curador é propor e organizar coleções públicas e privadas de fotografias, que se constituem, pela própria natureza da fotografia, em reservas culturais de formação de identidade, de autoconhecimento e de autocrítica de uma sociedade. As fotografias são meios de memória e suportes de imaginação.
Fotografia e memória, sabemos todos, andam juntas desde que a fotografia surgiu. A fotografia é, pela sua natureza, a memória do fato, o registro do referente. Esse aspecto, valorizado desde os primórdios, foi enunciado de forma definitiva pelo semiólogo francês Roland Barthes ao afirmar que a única certeza que a fotografia nos dá é que “ça a été”, ou seja, isso existiu, quer dizer, a “coisa” que está representada no papel algum dia existiu em algum lugar e pode impressionar aquela emulsão fotográfica com seus raios luminosos. Em outras palavras, “Vôvo tinha bigodes”, “na Avenida Central só se andava de paletó e gravata” ou “eu já fui feliz um dia”.
A fotografia também é a memória da versão, ou seja, como os fatos foram vistos, como foram interpretados. E mais ainda: já que fotografar é atribuir valor, então através do que se fotografa podemos inferir aquilo que uma sociedade considerava mais importante em determinada época. Podemos localizar, e ver, os valores que construíram uma determinada identidade social. Isso faz da fotografia um documento riquíssimo sobre a cultura de indivíduos, grupos sociais, e até de nações como um todo.
Dentro desse universo de produção de sentido e atribuição de valor artístico aos objetos fotográficos, o curador define o espaço social de sua atividade. Isso porque propor a constituição de coleções, definir temas e enfoques, ordenar, classificar e disponibilizar imagens é também atribuir valor, interpretar sociedades, determinar aquilo que deve ser preservado como indicador da substância cultural de uma determinada sociedade. Portanto, toda curadoria reflete um propósito definido, estabelece valores e nunca é descomprometida. É uma espécie de manifesto estético e cultural - e, portanto, político – cujo critério deve ser transparente e explícito.
No entanto, o trabalho do curador não se limita à reunião das peças, pelo contrário. Essas coleções só adquirem seu pleno sentido quando classificadas, ordenadas e disponibilizadas para consumo público. Há aí um enorme trabalho interdisciplinar a ser feito, antes que o curador possa dar o passo seguinte, que é o de proceder a recortes para dar visibilidade a conteúdos que talvez se percam no emaranhado de informações visuais de uma grande coleção. E seguir adiante, buscando a melhor forma de divulgar esse acervo, em exposições permanentes, ou temporárias, através de meios eletrônicos ou pela publicação de livros, cartazes e outras peças promocionais.
FONTE: SITE DA UNICAMP - TEXTO: Curadoria e Função Social - AUTOR: Milton Guran
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