A INVASÃO DA POMBA - uma lição de vida, UMA LIÇÃO DE ASAS
LIÇÃO DE ASAS
Houve um princípio, mas não deixamos que tivesse o fim.
Houve um final que de tanto start recomeçou outro com asas mais seguras.
Melhor de mim, do outro, de tudo e de todos, melhor quem
insiste assim, pois a insistência é a letra que não cabe no caderno, o tom que
acorde nenhum dá conta, fé que nasce das cinzas, nesse caso, das penas... Relação
que suplanta, do riso ao verbo, do choro ao rasante do pombo.
Eles corriam atrasados, mas quem disse que criança tem hora
marcada pra brincar? Criança não se atrasa, se atira, se lança, mesmo sem saber
voar; a imaginação decola. O céu é menor do que o pátio da escola. Brincadeiras
têm diferentes relações e contextos em diferentes esferas, mas todos buscam o
mesmo voo.
Mas insisto: faltava alguém acertar aqueles relógios
mirins...
Por puro acaso ou incerteza, eis que estavam no lugar certo
para acertarmos esses ponteiros de asas... Á princípio o grupo de alunos estava
correndo atrás do pobre pombo que talvez por engano pousou no pátio da escola e não via
saída. Mesmo a saída estando diante de seus olhos, o anseio quase suicida do
pombo de querer achar a saída lhe impedia de conseguir.
Os berros daquelas crianças desvairadas pela farra de ver outros tombos do pombo eclodiam como ameaças... Sim, havia um prefácio espacial de confronto desleal. O pombo temia.
Os berros daquelas crianças desvairadas pela farra de ver outros tombos do pombo eclodiam como ameaças... Sim, havia um prefácio espacial de confronto desleal. O pombo temia.
Em fração de segundos pensei em cena-poesia. Valei-me meu espírito entusiasta! Tinha máquina
arrelia na mão pra registrar a transgressão, mas não consegui. Eu estava meio
pombo de mim mesmo...
Os meninos corriam com voracidade, gritando, correndo,
tentando arremessar cadernos e mochilas no pombo já de labirinto perecível.
Eu gritava aos seis, mas só tinha desprezo de meia dúzia.
Nessa conta a equação era da experimentação com dolo.
Eu estava com uma arma na mão. Essa arma tinha lente
objetiva e grande angular, obturaDOR, tinha um foco bem definido, como os olhos
dessas crianças que tinham alvo certo. Diferente dos olhos miúdos do pombo que
estonteava pelos azulejos do pátio e acuado voava sem rumo.
O desespero do pombo era humor da crueldade desses pequenos
de vazio grande. Sim, sem pudores, havia ali um vazio, que estava prestes a ser
ocupado.
Certa vez ouvi dizer que nascemos vazios e vamos nos
completando com as vivências de nossos dias, com as pessoas que passam por nós,
pelas que ficam, pelas que vão, as que amamos ou queremos distância, tudo é
relação. Mas esse copo é de conteúdo infinito, ele nunca enche.
Até que minutos correram mais que pés de moleques em captura
de pássaro, mas levaram horas pra passar. Até que escadas abaixo e voos acima,
até que gritos rasantes e palavras provocantes, o pombo cedeu. Foi vencido, mas
venceu! Foi de propósito, tenho certeza!
Os seis inquietos, sem pena do pombo, o fizeram de refém.
Mas aí que uma pergunta salvou a pena.
“E agora o que vocês
farão???”
Todos os meninos se olham e não encontram resposta. Um deles
já com a quase depenada na mão, olha para os outros com a mesma resolução de uma
álgebra biológica. Sem encontrar sentido para outra resposta me responde o que
lhe parecia trivial: “é melhor soltar”
Por não acharem outras respostas todos os outros colegas se
satisfazem com a proposta e caminham juntos para soltar o pombo do lado externo
da escola. A consciência de não machucar o pombo ficou no ar... E ficará por
todo tempo, ficará mais tempo do que durou a correria pela caça ao pombo,
ficará por toda vida.
Talvez, se os relógios internos continuarem a ter ajustes
frequentes, até que cada um por si só possam ter controle de dominar seus
próprios compassos e desejos, teremos starts sem hora certa, por que toda hora
é hora de crescer até alcançarmos a plenitude da criança.
Os relógios de cada um refutaram as razões e o pombo foi dar
aula em outra escola, pois o pobre coitado acumula cargos. Hoje em dia é
difícil até ser um pombo!
Tiago Ortaet
18 de Setembro de 2013
A INVASÃO DA POMBA - uma lição de vida, UMA LIÇÃO DE ASAS
Revisado por LíderesOrtaéticos
em
16:36
Classificação:
" O verdadeiro Professor/Educador é aquele que tira do acaso, as mais lindas e importantes lições de vida, mesmo porque nada é por acaso; é aquele que transforma a experiência em uma nova e rica vivência como experiências de múltiplas aprendizagens para si e para seus educando!"
ResponderExcluirParabéns Prof. Tiago!
Rosana CP